7 de mai. de 2009

Pele Verde, a nova campanha do Bradesco pode se tornar referência para a linguagem publicitária? Tomara que não.

Pele verde é o título da campanha multimídia mais recente do Bradesco para reforço do seu posicionamento como Banco do Planeta. Ao criar a Fundação Amazonas Sustentável, em parceria com o governo do Amazonas, esta organização tem objetivos e formas de gestão próximas a lógica empresarial. Há verba, há resultados e há marketing, e esse pode ser o problema dessa iniciativa: é como se todas as ações e resultados já fossem pensados para se tornarem imagem, para serem mediatizados.

A começar pela escolha do titulo: Pele Verde. Como assim nomear de Pele Verde as pessoas que habitam a floresta (caboclos, ribeirinhos e os ditos "povos florestais")? O apelo óbvio à cultura yankee hollywoodiana que, de forma derrisória, sempre chamava os cherokees de Pele Vermelha é óbvia e questionável.

A campanha foi lançada no mês de abril/09 por meio de um banner nos principais portais (UOL, IG) que levava ao trailer que se inicia com o seguinte lettering: "Muito longe da nossa civilização"..."Nas profundezas da floresta" e segue num ritmo de edição ao estilo do cinemão de aventura (Apocaliptico?), ágil, rápido, de entretenimento puro.

A pergunta que faço é: como assim, cara pálida? Mesmo que a inicativa de fazer os próprios "Pele Verde" mostrarem a luta deles pela preservação da floresta (ironicamente a produção foi financiada pela Lei Rouanet), de dar os canais e os meios de expressão a eles, questiono essa visão ainda colonizadora e distante do Bradesco e da Neogama em relação a cultura amazônica. A Amazônia não precisa ser salva, precisa ser compreendida.

Veja o video e tire suas conclusões:

2 comentários:

Rafael Figueiredo disse...

Bizarro, digno de risos de fato.

Claudio Eduardo disse...

É, bem verdade isso que Conceição expressa. Também enxergo dessa forma. Parece que ela, a floresta, precisa de socorro e que eles, os "pele verdes", mostrariam seus esforços pela salvação dela.
Penso que melhor seria mesmo o caminho de compreender a floresta, como a professora disse. Além disso, não entendo como as propagandas ainda conseguem separar ela, eles. Não há mais tempo para isso, o pronome agora é o Nós. Sei que isso pode parecer ilusório, talvez seja mesmo, porém acho que o tempo em que vivemos já nos permite pensar como parte de um todo, tanto como causa dos problemas, quanto de solucão dos mesmos. Portanto, ela e eles, somos nós. Natura consegue trabalhar melhor essa ideia.
E para terminar, Bradesco... menos, sim. Grana, boa fotografia, som bacana e tals, para comunicar o quê? Oras...

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