2 de fev. de 2010

A alma não...

Este é um post corajoso ou maluco mas achei que é um relato interessante, não por ser o relato de uma história minha, mas um relato. Acredito que normalmente as pessoas fazem isto quando mais velhas, mas não consegui esperar e sei que isto vai ter uma séria repercussão no meu desenvolvimento profissional, em especial no que diz respeito ao aspecto financeiro, mas...a Alma não.



O que se passa é que há alguns dias atrás fui convidado para trabalhar na segunda maior assessoria de imprensa do país em uma unidade de negócio que trabalha com o monitoramento de redes sociais (não vou citar nomes por razões pessoais, me desculpem). A melhor e mais promissora oportunidade profissional que já tive, se não fosse o fato de que este trabalho estivesse sendo desenvolvido para a detentora de 70% do mercado de cerveja no pais, a mesma que comprou o filme do Lula e que coíbe acionistas menores e donos de bares que ameaçam trabalhar com os produtos da concorrência.

Mas, pressupondo que eu fosse capaz de ignorar estes erros, que fosse capaz trabalhar para uma empresa que incentiva o consumo de álcool, como poderia conviver com verdades como as narradas pelo jornalista Washington Novaes no artigo "Quase duas décadas sem sair do lugar" www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100129/not_imp503411,0.php, onde o mesmo descreve o descaso com o meio ambiente por parte dos governos e conseqüentemente das empresas. Mais do que ignorar, como poderia trabalhar a favor desta destruição?

Quando disse não, disse não as corporações, as empresas, não por que acredite que as empresas não devam existir. Vejo que empresas são responsáveis por gerar a riqueza da sociedade e que desde que adequadas a padrões como o do Triple Botton Line, podem ser muito boas. No entanto a decisão que tomo agora é para um caminho que acredito que precisa de um número maior de pessoas, do contrário tudo pode estar perdido.

Estou indo para a fronteira, onde as coisas são emergenciais, onde precisamos de pessoas assim como os acidentados precisam dos paramédicos. Onde efetivamente serão definidas as diretrizes que deverão regular nossa economia e salvar nossa civilização.

Estou indo para o terceiro setor, para a política de mobilização social e para o boicote quando necessário .

Assino este texto com um codinome que nunca deveria ter deixado de lado:

Boicote

3 comentários:

Reginaldo Nepomuceno disse...

Fico feliz em ver esse tipo de iniciativa. Mesmo que venha outra pessoa e escolha a outra opção, pelo menos ficou um pouquinho mais difícil pra eles. E, de pouquinho em pouquinho, a coisa vai mudando.

Claudio Eduardo disse...

Olá pessoal do Publizität, venho aqui demonstrar meu apoio à atitude de Vitório Thomas.

De certo que há momentos em que a vida nos pede respostas sobre o que somos e o que pensamos. Nesses momentos devemos respeitar e fazer valer nossos valores, mesmo que alguns pratos sejam quebrados por isso.
Há poucos dias também disse não para uma empresa (longe de ser a oportunidade da minha vida, mas já pagaria minhas contas vencidas). Perguntaram-me o porquê do meu pedido de demissão, já que havia começado a trabalhar no dia 20/01 e já no dia 22/01 pedi minha dispensa. O que disse a eles foi que não poderia conceber o fato de funcionários entrarem pelas portas dos fundos, já que são pessoas tão pessoas quanto os clientes da empresa. Também ressaltei que não são as belas instalações que constroem a imagem de uma empresa, mas sim as pessoas que trabalham por ela. Por fim, disse a eles que o salário somado aos "benefícios" que ofereciam por 8hs e 20 min do dia de seus funcionários não faziam desses seres satisfeitos.
Conclusão: estou sem emprego, sem dinheiro, mas ainda tenho minha alma.
Good luck Vitório.

Ps: "Marca - o que o coração não sente os olhos não vêem". Um livro de reflexões sobre marketing e ética que trata justamente sobre o que estamos discutindo nesse post. O livro é de Stalimir Vieira. Ed. PUC-Rio.

Conceição disse...

Orgulho de vc Vitório. A ética exige coragem e privações. Por isso ela é tão pouco praticada. O mercado, por outro lado, costuma prestar atenção aos "rebeldes" e quem sabe no futuro vc não possa receber uma oferta melhor do q essa e de uma empresa mais comprometida com a RSC?

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