30 de nov. de 2011

Sustentabilidade parte 2


Para tentar responder a pergunta do último post é importante fazer uma breve retrospectiva do tema.

1. Primeira fase: o idealismo e a vontade de fazer
Essa fase, ao meu ver, vai desde que o termo desenvolvimento sustentável surgiu no relatório Brudtland da ONU na década de 1970 e se estende até a Rio 92. O alerta dado pela ONU e um certo susto que as informações sobre as mudanças climáticas causaram na opinião pública deram origem ao ativismo ambiental multinacional que se tornou protagonista dessas discussões e conseguiu algumas conquistas relevantes como o Protocolo de Kyoto. Todos pareciam concordar que era preciso defender o meio ambiente. Esse periodo é marcado também por uma crença quase absoluta dos atores nas instituições internacionais e multilaterais que seriam as deslanchadoras dos processos, notadamente a ONU;

2. Segunda fase: amadurecimento das discussões e o retrocesso institucional
Esta segunda fase iria do momento pós Rio 92 até o momento atual, às vésperas da Rio + 20. E não é porque eu tenha paixão pelo Rio que eu o coloco como centro demarcador, mas porque historicamente, há fatos que convergem para um turn point a partir de junho de 2012. Esse periodo foi marcado por 2 (dois) fatores poderosos, um positivo e outro negativo. O positivo foi a produção e disseminação de muitas informações sobre a sustentabilidade que, no âmbito empresarial, geraram a prática da responsabilidade socioambiental, no âmbito político, as preocupações com transparência administrativa, e no âmbito da sociedade civil, uma postura mais atenta, cobradora e ativa da população em relação aos temas ligados ao bem comum. Esse, aliás, é o fato mais relevante, pois os recentes movimentos no Oriente Médio, os Occupy em vários paises, e o ativismo cibernético de coletivos como os hacckers anonymous são fenômenos recentíssimos que estão gestanto novas formas de relação social e política. Note-se a importância também das ONGs ambientais e da disseminação on line da informação sobre a sustentabilidade em organizações de todos os tipos. O lado negativo é que as forças retrógradas e conservadoras, que sempre lucraram e lucram c a devastação da natureza e a exploração das classes mais pobres começaram a mostrar sua cara. Esse capital global, financista, tem muita força sobre os governos dos paises mais ricos, e nessas duas décadas, conseguirarm emperrar negociações, negar-se a compromissos, levando iniciativas globais como a COP15 ao fracasso. No nosso quintal, temos os ruralistas conseguindo modificar o Código Florestal de forma torpe na Câmara e no Senado. Ou seja, nesta fase, as máscaras começaram a cair e os reais interesses dos atores envolvidos começaram a se delinear mais claramente. De um lado, temos a sensação de que 2012 pode mesmo ser o fim do mundo tal como o conhecemos até aqui, pois muito pouco conseguimos mudar nessas quatro décadas, desde o início desse debate... de outro, a sensação de que há sinais, ruidos, ainda baixos, de que há muitas formiguinhas trabalhando para gestar o mundo novo que vai dar lugar a este... são todas as pessoas que, individual ou coletivamente, vem trabalhando pela construção de uma nova consciência planetária e solidária. É claro que entre um e outro extremo há uma longuíssima régua de matizes diferentes mas basicamente são esses dois caminhos que se apresentam como o desafio maior para 2012: ou seguimos rumo a sustentabilidade ou...

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