27 de fev. de 2009
Reuniões sociais para a sustentabilidade
Por
Vitório Tomaz
Estive na ultima quinta-feira no Quinta e Breja, evento promovido pelo C.A. Lupe Cotrim da ECA-USP todas as quintas-feiras com intuito de integrar os alunos.
Iniciativas como estas são bastante simples de se organizar em sua base administrativa, basta ter algum recurso em caixa, coisa em torno de R$ 300,00, um pessoal que se disponha a trabalhar voluntariamente no evento, uma banda que queira divulgar seu som e um espaço.
Por ocasião o espaço usado foi o do C.A. Lupe Cotrim, poderia ter sido a minha ou a sua casa, assim como poderia ter sido o espaço da faculdade de medicina, o clube dos veteranos de guerra, a casa de um operário da construção civil, a casa de uma doméstica, a sede da associação de bairro, o fundo de uma igreja, uma quadra de futebol comunitária e por ai vão uma infinidade de espaços que podem servir como meio de integração. E que foram historicamente des-construidos como espaços coletivos.
Os motivos para fazer eventos como estes seria o de compartilhar conhecimentos, trabalhar com o conhecimento tácito, como proposto pela Rede Saberes e Fazeres.
Se quando reunidos, ao invés de nos colocarmos a discutir os temas propostos pela indústria cultural, como big brother, futebol, carros, novelas, mulheres da Playboy, novos produtos de consumo, discutíssemos sobre nossas vidas, nossos salários, as intimidações que sofremos no ambiente de trabalho, os privilégios que temos no ambiente de trabalho, políticas locais, reclamações comunitárias dentre outros. Talvez a nossa sociedade fosse mais mobilizada, talvez tivéssemos um número menor de oligarquias, talvez nosso consumo fosse mais consciente, assim como teríamos uma saúde melhor e uma série de benefícios que surgem em conseqüência de compartilhar.
Por que não fazemos assim? Por que a nossa sociedade esta desmobilizada?
É complexo tratar de temas como este, pois sempre existe uma infinidade de possilidade, mas o que podemos constatar é que as classes que menos contestam o sistema e as classes que estão a favor do sistema são as mais organizadas. A exemplo a classe de médicos, que conseguiu barrar o aumento da abertura de faculdades de medicina, a OAB, que até hoje regula quem pode ou não exercer a profissão, os militares, que são extremamente organizados e gozam de uma grande força política no país, os maçons, os Rotarianos, os juízes, entre outras tantas classes, que talvez por contestarem pouco ou quase nada a ordem estabelecida, tem a sua comunicação de classe bem organizada e alto poder de mobilização.
Não é o mesmo entre a classe estudantil, os sociólogos, os professores, as secretárias, os trabalhadores da construção civil, trabalhadores do comércio e tantas outras classes, que por razões históricas como a ditadura militar, competitividade de mercado, falta de identificação de classe e políticas de outras classes, acabaram minadas e desunidas com base em promessas de privilégios ou proteção pessoal.
Talvez um caminho para solucionar este problema seja a descriminalização por parte da moral dos eventos sociais, reuniões entre amigos. A quebra dos paradigmas da moral protestante capitalista. Talvez possamos resolver parte do problema ao começar a produzir eventos sociais com algum engajamento a causas, eventos que tragam um pouco da conversa do dia-a-dia, e que possam criar uma netsocial, em contraposição a networking, mas que sejam vistos não somente como um espaço de lazer.
É necessário sim o espaço do lazer, mas o que tem ocorrido com o avanço do mundo do trabalho, é que as necessidades básicas para uma vida em sociedade, coletivamente civilizada, têm sido colocadas de lado. Não se discute mais a gestão da polis, como faziam os gregos, ou sobre o espiritual, sobre hábitos saudáveis ou questionamentos sobre o nosso modo de fazer as coisas. Evita-se quando fora do mundo do trabalho toda a discussão, todo conflito. As discussões mais sérias que temos são aquelas que envolvem o trabalho, pois potencialmente poderão nos ajudar a ganhar mais dinheiro e superar o estado social que nos encontramos, o que significa mudar de classe social, e não melhorar as condições de sua classe. Os programas mais legais são os que não nos fazem pensar.
Precisamos para resolver a in-sustentabilidade social, passar a gerir nossas vidas de forma mais coletiva, mais compartilhada. Precisamos não de novos modelos hierárquicos, mas de organização em rede, de acessibilização da informação, precisamos dar voz a todos aqueles que se encontram em uma massa, trabalhando como a classe dos ypsolon, descrita em Admirável Mundo Novo.
Iniciativas como estas são bastante simples de se organizar em sua base administrativa, basta ter algum recurso em caixa, coisa em torno de R$ 300,00, um pessoal que se disponha a trabalhar voluntariamente no evento, uma banda que queira divulgar seu som e um espaço.
Por ocasião o espaço usado foi o do C.A. Lupe Cotrim, poderia ter sido a minha ou a sua casa, assim como poderia ter sido o espaço da faculdade de medicina, o clube dos veteranos de guerra, a casa de um operário da construção civil, a casa de uma doméstica, a sede da associação de bairro, o fundo de uma igreja, uma quadra de futebol comunitária e por ai vão uma infinidade de espaços que podem servir como meio de integração. E que foram historicamente des-construidos como espaços coletivos.
Os motivos para fazer eventos como estes seria o de compartilhar conhecimentos, trabalhar com o conhecimento tácito, como proposto pela Rede Saberes e Fazeres.
Se quando reunidos, ao invés de nos colocarmos a discutir os temas propostos pela indústria cultural, como big brother, futebol, carros, novelas, mulheres da Playboy, novos produtos de consumo, discutíssemos sobre nossas vidas, nossos salários, as intimidações que sofremos no ambiente de trabalho, os privilégios que temos no ambiente de trabalho, políticas locais, reclamações comunitárias dentre outros. Talvez a nossa sociedade fosse mais mobilizada, talvez tivéssemos um número menor de oligarquias, talvez nosso consumo fosse mais consciente, assim como teríamos uma saúde melhor e uma série de benefícios que surgem em conseqüência de compartilhar.
Por que não fazemos assim? Por que a nossa sociedade esta desmobilizada?
É complexo tratar de temas como este, pois sempre existe uma infinidade de possilidade, mas o que podemos constatar é que as classes que menos contestam o sistema e as classes que estão a favor do sistema são as mais organizadas. A exemplo a classe de médicos, que conseguiu barrar o aumento da abertura de faculdades de medicina, a OAB, que até hoje regula quem pode ou não exercer a profissão, os militares, que são extremamente organizados e gozam de uma grande força política no país, os maçons, os Rotarianos, os juízes, entre outras tantas classes, que talvez por contestarem pouco ou quase nada a ordem estabelecida, tem a sua comunicação de classe bem organizada e alto poder de mobilização.
Não é o mesmo entre a classe estudantil, os sociólogos, os professores, as secretárias, os trabalhadores da construção civil, trabalhadores do comércio e tantas outras classes, que por razões históricas como a ditadura militar, competitividade de mercado, falta de identificação de classe e políticas de outras classes, acabaram minadas e desunidas com base em promessas de privilégios ou proteção pessoal.
Talvez um caminho para solucionar este problema seja a descriminalização por parte da moral dos eventos sociais, reuniões entre amigos. A quebra dos paradigmas da moral protestante capitalista. Talvez possamos resolver parte do problema ao começar a produzir eventos sociais com algum engajamento a causas, eventos que tragam um pouco da conversa do dia-a-dia, e que possam criar uma netsocial, em contraposição a networking, mas que sejam vistos não somente como um espaço de lazer.
É necessário sim o espaço do lazer, mas o que tem ocorrido com o avanço do mundo do trabalho, é que as necessidades básicas para uma vida em sociedade, coletivamente civilizada, têm sido colocadas de lado. Não se discute mais a gestão da polis, como faziam os gregos, ou sobre o espiritual, sobre hábitos saudáveis ou questionamentos sobre o nosso modo de fazer as coisas. Evita-se quando fora do mundo do trabalho toda a discussão, todo conflito. As discussões mais sérias que temos são aquelas que envolvem o trabalho, pois potencialmente poderão nos ajudar a ganhar mais dinheiro e superar o estado social que nos encontramos, o que significa mudar de classe social, e não melhorar as condições de sua classe. Os programas mais legais são os que não nos fazem pensar.
Precisamos para resolver a in-sustentabilidade social, passar a gerir nossas vidas de forma mais coletiva, mais compartilhada. Precisamos não de novos modelos hierárquicos, mas de organização em rede, de acessibilização da informação, precisamos dar voz a todos aqueles que se encontram em uma massa, trabalhando como a classe dos ypsolon, descrita em Admirável Mundo Novo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Vitório, este foi seu melhor post, pois seu questionamento é lúcido e sua reflexão aguda, pq vc não desenvolve isso em algum trabalho mais sistematizado???? Talvez um artigo para alguma revista.
É moço vejo que a graduação está mexendo com a tua personalidade! Aproveita mesmo! Esse espaço é pra isso e muito mais! É pra desenvolver visão crítica, pra testar e instigar os brios, pra contribuir, pra movimentar o que está estagnado, pra estimular quem está paralisado... Pra utilizar a inteligência da melhor maneira possível! E não somente pra se adquirir um título no final do curso. Mete bronca, é só mexendo bem na massa que o bolo cresce!
Meu abraço.
Cássia
Postar um comentário