9 de dez. de 2010

Se não reagimos, a violência e o ódio vencem.

Ontem, o estudante de educação física Amilton Loyola Caires, 23, confessou ter matado com uma facada o professor Kássio Vinicius Castro Gomes, 39, no Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, em Belo Horizonte. Fora o pouco espaço dado em portais, jornais e Tvs, o que fica desse episódio? Até agora, nenhuma manifestação, nenhum protesto, nem a própria faculdade parou um dia sequer. Ou seja, mais um caso grave de violência em ambiente escolar que cairá no esquecimento.

Pois este post é para lembrar. Lembrar de KÁSSIO GOMES, lembrar que ele deixou 2 filhos e mulher, lembrar que ele não morreu em um assalto ou porque olhou pra namorada do aluno. Não. Ele morreu simplesmente porque era professor. E esse risco todos nós, que exercemos a profissão atualmente, bem sabemos que corremos. E cada vez mais. A pergunta q fica é: até quando???

Até quando deixaremos que a violência invada um espaço que deveria ser de boa convivência e respeito. Espaço de troca de conhecimento. Espaço de transformação. E quando falo de violência, não falo apenas desse caso drástico (a agressão física), falo também do desrespeito que impera hoje dentro e fora da sala de aula em relação aos professores desse país. Desrespeito de alunos, de pais, do governo e, às vezes, das próprias instituições. É claro que há os bons alunos, os bons pais, as boas instituições. Mas nem essas, hoje, se posicionaram ou fizeram uma nota de repúdio ao que aconteceu.

Pensar a educação desse país exige coragem de olhar no olho do furacão. É preciso que todas as pessoas comprometidas com uma educação transformadora se posicionem. Cada uma em suas esferas, que possamos identificar os problemas, debatê-los em profundidade, apresentando propostas e mudando ações. É preciso incentivar a criatividade, a boa convivência, a inteligência. Mas sempre com respeito mútuo - regra básica e necessária. Se assim o fizermos, aí sim teremos honrado a memória do professor Kássio. Do contrário, a Banalidade do Mal, da qual já nos alertava Hannah Arendt imperará e atos como o de Amilton Loyola, serão apenas mais um.

3 comentários:

Lili Moraes disse...

Concordo com o texto. Todos nós professores estamos sujeitos a esse tipo de situação (morte e desrespeito nas instituições). Mas ainda há a internet, na qual, não raro, encontramos as queixas e os insultos; em redes sociais somos os bandidos dessa história. Parece que a discordância, mesmo seguida de infindáveis explicações, se tornou algo intolerável. A cada fim de semestre nos preparamos para ouvir choros e lamúrias em tons cada vez mais ameaçadores. Parece que nós professores somos algozes de indefesos estudantes e todas as nossas decisões, se não agradam, devem ser confrontadas e desafiadas como algo que deixou de ser uma questão de formação, de educação, para se tornar um embate, um caso, enfim, de vida ou morte. Que bom que as férias chegam, nao somente pelo cansaço, mas também pela possibilidade de chegar em casa e dormir.

Murilo disse...

a mídia n deu muita atenção por que é Dezembro. Se fosse um mês sem nenhuma notícia comovente ou se tivesse acontecido em São Paulo, quem sabe. Mas agora tem o wikileaks, o Rio de Janeiro, o papai noel e pans. Se fosse um agosto mais sussa esse caso seria o novo goleiro Bruno, uma nova menina Eloá ou casal Nardoni..."

Lamento o fato e lamento as atitudes.

Natália Albertini disse...

É de fato terrível o acontecido.
E concordo tanto com o texto quanto com o comentário do Murilo.
Infelizmente nota-se a atenção do público voltada mais para o consumo de presentes de Natal do que para o respeito.
Afinal, pra que prestar atenção nisso. "Nem foi com a minha família", não é mesmo?
A sociedade deve achar, o quanto antes, maneiras de reverter esse desrespeito crescente.

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