1 de set. de 2009

Lixo de Publicidade e Publicidade de Lixo







[Pessoas, há muito discutimos publicidade e sobre o lixo que, por vezes, nela é produzido. Agora venho propor um debate sobre o lixo que dela é gerado, literalmente escrevendo.



"Estive" promotor de vendas por aproximadamente dois anos. Trabalhei com as marcas Philips e, recentemente, com a Samsung. Durante esse tempo pude perceber o quanto avassalador é o empenho das empresas na produção de material promocional e na implantação do mesmo nos PVs (pontos de venda). Isso não só por parte das empresas pelas quais trabalhei, mas pela maioria das grandes marcas. São folders, stikers, papel forração, cubos, stopers, testeiras, adesivos, balões, catálogos, displays, porta folhetos, wobbler e mais um monte de blaster ultra splash de coisas.]



notório na promoção de vendas, sobretudo, no merchandising, que além de marcas, algo que propagam a esmo é o lixo. Grande parte desse material poderia ser reciclado ou mesmo evitado, porém, com exceção de móveis e materiais mais pesados, os quais são recolhidos pelas empresas anunciantes ou pelas agências por elas contratadas, tudo é jogado nas latas de lixo dos lojistas, pois as marcas anunciantes que estampam aos sete ventos sua preocupação com o meio ambiente, simplesmente ignoram a existência desse material. Ignoram duplamente, pois além de não se responsabilizarem pelo seu descarte, ainda se prendem ao "quanto mais melhor", visto que o controle do uso do material promocional é precário, sendo muito comum o desperdício. A preocupação dessas empresas passa "marro menos" pelo cuidado de não deixar o PV visualmente poluído, mas nem perto de uma conscientização ambiental, a qual poderia ser repassada aos seus colaboradores.



Em julho fui à Feira de Serigrafia 2009, evento no qual além de máquinas e acessórios para a produção de brindes e materiais promocionais em geral (camisetas estampadas, canecas, canetas, etc.), havia também uma total despreocupação quanto ao descarte desses materiais, pois uma "promoção ambientalmente sustentável" de certo não fazia parte das propostas e soluções oferecidas pelas empresas presentes no evento. Salvo a exceção das empresas Artcor Brasil, que expunha, entre outros brindes, lápis com o corpo de papel reciclado e camisetas feitas de fibra de garrafa PET e da Kriarte Printing Solutions, que apresentava marcadores de livros e porta-celulares produzidos a partir da extrusão de filme de PET reciclado (certo que o porta celular não suportava o peso do mesmo e o design de tais brindes era pecaminoso, mas tal era a escassez de produtos e empresas presentes com o mínimo de responsabilidade sócio-ambiental, preferi me calar).



Diante dessa situação, penso que a comunicação no ponto de vendas deva ser repensada de forma que possamos não só saber sobre a existência de tal produto e de sua "vital importância para nossas vidas", mas também que tal forma de comunicar tem seus resíduos, os quais durarão por muito mais tempo que a informação transmitida. ]

5 comentários:

Vitório Tomaz @virts disse...

Nossa, é uma boa reflexão esta, já que neste caso não é uma embalagem, mas todo o material.

Eu em particular sou meio contra esta tralha toda, acho que o futuro é on-line.

Murilo disse...

Papel é o Pop-up da vida. Eu me nego a pegar qualquer material que entregam por ai.

Bom post, abraço.

Letícia Queiroz de Figueiredo disse...

As empresas falam e fazem questão de mostrar o seu papel social.
Mas esse papel que fazem tbm deve ser reciclado, no sentido de se envolver verdadeiramente com a causa, e não só apenas por estratégia de marketing. Não que todas só usem como estratégia, mas sempre podem fazer mais, até pelo seu próprio produto.

Letícia Queiroz de Figueiredo disse...

adoro ler o que tem por aqui.
uma boa fonte de atualizações do nosso meio publicitário. bjos

Reginaldo Nepomuceno disse...

Eu também me recuso a pegar panfletos, folders, santinhos e outras tralhas que distribuem por aí. Mas agora que já está produzido, de qualquer jeito vai virar lixo. O que conta pra mudar essa situação é mudar a cabeça das empresas que investem nesse tipo de propaganda.

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