15 de nov. de 2009

Agências protestam contra censura no Estadão


Há mais de cem dias, o jornal Estadão está submetido a censura pela família Sarney, que impede que sejam divulgados dados sobre investigação que envolve o filho do senador José Sarney. A partir de uma proposta do jornal Propaganda & Marketing, as agências Africa, AlmapBBDO, F/Nazca S&S, NBS, Talent, Y&R e W/ foram convidadas a criar anúncios que protestam contra essa censura.


A Y&R, agência do Estadão, fez anúncio que divulga o movimento criado na internet censuranuncamais.com. O blog é de Arthur Soares, do planejamento. Cerca de 4.500 pessoas aderiram ao movimento, entre eles famosos como Marcos Mion e Marcelo Tas.

Alexandre Gama, da Neogama BBH, não só aderiu como resolveu ir mais longe e propõe no seu anúncio uma lista de adesão que seja enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) que está para julgar o caso. “Acho que, mais do que um exercício solo de criação, temos que mobilizar a comunidade contra a passividade diante de situações como essa”. Por isso, o seu anúncio remete ao hot site www.censuranao.com.br. Aliás, uma descoberta o surpreedeu: o termo “censura não” sequer tinha registro no Brasil.

Lindenberg, da Leo Burnett, criou um título riscado, como tivesse sido censurado e abaixo um código de realidade aumentada e a informação (foto acima). Acesse www.leoburnett.com.br/censura e mostre este anúncio para sua webcam. Quando o leitor aproxima o anúncio da webcam ele lê o título que estava riscado: "Tentar censurar informação nos dias de hoje é uma atitude tão burra quanto a própria censura. A Leo Burnett é contra a censura. Não deixar o Estadão falar é não deixar a gente ouvir."

“A ideia é simples, as pessoas podem colocar uma tarja no seu avatar no Twitter, em referência à censura”, contou Marco Versolato, vice-presidente de criação da Y&R. No anúncio, aparecem fotos de funcionários da Y&R com uma tarja sobre os olhos. O texto diz: “A censura está ameaçando voltar. Proteste. Coloque a tarja no seu twitter censuranuncamais.com. A Y&R apoia este movimento”.

A peça da NBS traz a imagem de um alto-falante e fotos pequenas de líderes mundias como Nelson Mandela e o Dalai Lama e a frase: “Você tem o direito de não permanecer calado”. “A ideia é mostrar que a liberdade de expressão é a soma de várias vozes e que essas pessoas amplificaram com suas histórias de vida e posturas a nossa liberdade de expressão”, falou Cassio Faraco, diretor de criação da NBS São Paulo, criador da peça junto com Darcy Fonseca, Gustavo Vilela e Guilherme Almeida que tem direção de criação de Pedro Feyer e André Lima.

A peça da AlmapBBDO, criada por Manoel Zanzotti, Fred Sekkel e Carlos Garcia, retrata com precisão a situação. O texto diz: “Librdade de exprssão (isso mesmo, sem as vogais). Cuidado, às vezes, começam a tirar e você nem percebe”. “É algo sutil, eu acho que o anúncio reflete o que estamos passando hoje, em que as coisas vão acontecendo de forma sutil e podem aumentar de uma hora para outra”, disse Zanzotti.

O anúncio da Talent assina com a seguinte frase: “Quem perde a liberdade de imprensa não perde só a liberdade de imprensa”. “A gente tentou dizer que a liberdade de imprensa tem um efeito direto na vida das pessoas”, disse Fábio Rodrigues, diretor de arte da Talent, que criou a peça junto com Igo Oliva.

A W/ foi original e desenhou dois bigodes, que de certa forma se tornaram ícones da crise. De um lado, aparece o bigodão que representa Sarney e do outro um bigodinho, em referência a Adolph Hitler, ditador da Alemanha. O conceito é: “A censura revela semelhanças perigosas entre os que a praticam. W/ pela liberdade de expressão sempre”. A criação é de Eiji Kozaka e Marcelo Conde, com direção de criação de Washington Olivetto.

De nossa parte, gostaria de conseguir as imagens de todos os anúncios, pois não os encontrei nos sites do Estadão, nem no do Propaganda & Marketing. Mas dos anúncios descritos nas reportagens, achei a ideia da Almap a mais criativa, e a da Neogama a mais persuasiva porque leva a uma ação concreta no hot site da campanha.


2 comentários:

ricardo bras disse...

Morro de vergonha de ver colegas de profissão se prestando a esse papelão. O Estadão não quer admitir que está sob ordem judicial para fazer cumprir uma... ordem judicial! Não tem nada de censura, apenas a ordem legal vigente - democrática - institui que processos que correm em segredo de Justiça deve assim permanecer. O que o Estadão quer com o esta campanha? Colocar-se acima do estado de direito? Faça-me o favor. Parem com isso - essa campanha é ridícula e a mobilização dos publicitários um equívoco.

Conceição disse...

Há uma coisa que está, ou deveria estar, acima das leis: o interesse público. Se todos aqueles que se sentirem ofendidos por essa ou aquela informação publicada, recorrerem a justiça e esta, sem levar em conta o interesse público do debate, censurar a liberdade de expressão, minamos nosso estado democrático de direito. Por que, ao invés de entrar na justiça, o ilmo. sr. filho do senador Sarney não usa o mesmo jornal para se defender???? Ele teria esse direito.

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