2 de abr. de 2009

A classe C não valoriza o gosto da Classe A

Esse post é de autoria do Luiz Marinho, publicada dia 31/3 no ótimo site Blue Bus, referência na área da propaganda.
"Estudos recentes sugerem que as velhas táticas utilizadas pelas marcas para falar com os consumidores da ‘Nova Classe Média Brasileira’ podem nao estar mais surtindo os efeitos desejados. Na maioria das vezes, os argumentos usados na comunicaçao com essa gente têm sido os aspiracionais. Funciona assim – você mostra um cenário bacana, pessoas bonitas, artistas conhecidos e dá a entender que se o sujeito usar aquele produto vai se sentir parte daquele mundo e usufruir daquele status. Em síntese, a marca funcionaria como um aditivo que, incorporado a personalidade do consumidor, faria com que ele se sentisse uma pessoa diferente. Entretanto, alguns pesquisadores tem chamado a atençao do mercado para uma importante mudança no comportamento de compra dos brasileiros de baixa renda. Um desses estudiosos do consumo é Haroldo da Gama Torres, do DataPopular, com quem conversei longamente algumas semanas atrás. Todos sabemos que por meio das nossas escolhas nós expressamos nosso estilo de vida, uma atitude e a imagem do que somos ou de como queremos ser percebidos. Porém, segundo Torres, o consumidor de Classe C parece mais preocupado em oferecer conforto e prazer para si mesmo e para os seus do que em ostentar prestígio para os outros. Prova disso seriam as próprias residências dessas pessoas - mal acabadas por fora e cada vez mais bem equipadas por dentro, com televisores, computadores, aparelhos de som e outros apetrechos modernos. Pesquisas recentes confirmam que mesmo que os brasileiros de classe C ganhassem um dinheirao, continuariam a morar no mesmo bairro e manteriam o mesmo senso estético. Apenas fariam um upgrade nas marcas, contudo sem deixar de ser quem eles sao. Essas constataçoes sinalizam que a nova classe media brasileira nao está tao interessada assim em viver naqueles cenários chiques mostrados pelas novelas da TV. Eles também nao acreditam nos testemunhos de artistas que sabem que dificilmente frequentariam lojas populares ou usariam produtos mais baratos. Este é um desafio e tanto para as marcas que tem na classe C o seu foco – se identificar com essa gente, valorizar as coisas das quais eles se orgulham e falar a mesma linguagem."
Ou seja, nem mesmo a TV e as campanhas publicitárias estão conseguindo hoje, como já o fizeram um dia, definir o "senso comum do gosto". Será que isso tem a ver com a recente mediatização da cultura pop e popular, presente em programas como Central da Periferia, e outros ligados ao Hip Hop, Forró e Tecnobrega???? Acho que sim, e muito. E detalhe, a crise chega bem menos nessa classe, onde o poder de consumo tem mais a ver com a informalidade e a criatividade das trocas. Então, os publicitários do núcleo Berrini, se quiserem manter seus empregos, que tratem de se misturar com outros núcleos, do Capão Redondo, da Brasilândia, de Itaquera etc.

2 comentários:

Mura disse...

No final das contas, o produto vinculado pela publicidade só tem um objetivo: agregar valor e identidade para aquele que compra. Não importa qual o alvo dele e a segmentação de mercado porque o objetivo será sempre esse de criar identidade.
Sendo assim, quando alguém da tal "classe C" procura programas de televisão que tenham mais a ver com a "sua identidade própria", ele não está sendo nem um pouco diferente do pessoal da "classe A", que também procura ser alguém diferente da "Classe B", "C", "D" até a "Z".

Alexandre Passos disse...

Aredito que a classe "C" está mais informada e mais exigente, principalmente pelo fato do "valor" que a compra de um determinado produto ou serviço tem para ele. O produto tem que ter acima de tudo qualidade, pra fazer valer o dinheiro investido. Eles compram porém querem satisfação.
Um bom sinal que este consumidor não é mais bobo.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails