23 de ago. de 2009

No Brasil já são 1,5 milhão de pessoas trabalhando com sustentabilidade

Esta é uma boa notícia que saiu no Estadão de hoje. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que as atividades econômicas relacionadas à sustentabilidade geram 1,5 milhões de postos de trabalho no Brasil - os chamados empregos "verdes". Se os processos ainda podem ser incipientes em muitas empresas, a gradativa mudança da cultura organizacional é o fator mais importante desse processo de incorporação das ações sustentáveis no sistema produtivo cotidiano das empresas.


(Abaixo, a matéria de Luciele Velluto para o Estadão na íntegra)
O termo sustentabilidade entrou definitivamente no dicionário do mundo empresarial. Esta nova maneira de medir o sucesso de um empreendimento - além do resultado financeiro, é preciso apresentar bom desempenho social e ambiental - está criando uma nova categoria profissional, os chamados empregos “verdes”.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), há no Brasil cerca de 1,5 milhão de pessoas envolvidas de alguma forma em atividades econômicas relacionadas à sustentabilidade, principalmente nas áreas relacionadas ao meio ambiente.

São atividades de nível superior, exercidas por engenheiros florestais, por exemplo, até as menos qualificadas, como o recolhimento de materiais recicláveis.

“Nem todos são considerados emprego decente (definido como um trabalho justo, digno e que promove a cidadania do trabalhador), mas fazem parte da cadeia socioambiental. No nível técnico, de graduação e especializado há muita demanda e todos estão saindo para o mercado empregados”, afirma Paulo Sergio Muçouçah, coordenador dos programas de Trabalho Decente e Emprego Verde da OIT.

No Brasil, entre os setores de maior destaque no quesito sustentabilidade está o de energias renováveis, que emprega cerca de 500 mil pessoas na área de biocombustíveis e mais 230 mil nas hidrelétricas. O setor de energias renováveis é um dos mais promissores na criação de empregos, avaliam os especialistas, pois o País é um dos principais atores no cenário mundial no que se refere a desenvolvimento de tecnologia para geração de energia limpa.

Outra área na qual a sustentabilidade é cada vez mais presente é a construção civil. De acordo com membro do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, Marcelo Takaoka, uma pesquisa realizada por alunos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostra que de cinco anos para cá o conhecimento do conceito de sustentabilidade passou de 30% para 60% dos profissionais envolvidos na área.

No entanto, o conhecimento do tema é ainda superficial, razão pela qual estes profissionais ainda veem o custo mais elevado como uma barreira à adoção dos preceitos da sustentabilidade. “É um mercado que está no início, que tem demanda de profissional especializado, mas que ainda enfrenta resistências. A mudança virá com a formação de mais pessoas habilitadas a trabalhar com o conceito”, diz.

“Além do espaço que se abre para novas profissões, mais ligadas à tecnologia, amplia-se também o campo de atuação para as tradicionais”, observa Victorio Mattarozzi, sócio-diretor da consultoria Finanças Sustentáveis.

Assim, além de engenheiros, a oferta de empregos na economia “verde” se volta para economistas, administradores, contabilistas, advogados, entre outros.

Para a diretora do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), a preocupação com a sustentabilidade está ainda concentrada nas grandes empresas e, mesmo assim, há poucos profissionais “verdes” frente à demanda atual.

Há um número reduzido de consultores capacitados para trabalhar em atividades relacionadas com o cálculo das emissões de carbono pelas empresas, por exemplo. “Faltam profissionais para a elaboração de novos protocolos e certificações. São valores e riquezas que serão muito importantes para as empresas e também para o País”, afirma.

A gestora do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, Maria Raquel Grassi, afirma que os avanços na abertura de mercado para os empregos “verdes” já é visível. Antes, alguém que já trabalhava na empresa assumia a função de lidar com as questões de sustentabilidade. Hoje já se contrata um especialista. “Eu não tenho dúvida que esse novo gestor será um dos principais executivos dentro de uma companhia nos próximos anos, pois ele terá uma visão ampliada do processo produtivo e de seus impactos. Este trará valores sociais, econômicos e ambientais, visibilidade no mercado e até economia para a companhia em que atua. ”

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